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20 de out. de 2010

Corriversário

Na semana passada, além de Dia dos Professores, eu comemorei meu "Corriversário"! Foi no dia dos Professores de 2008 em que eu senti pela primeira vez no meu corpo os efeitos imediatos de uma smples corrida. Daí pra frente não parei mais, quase como Forrest Gump.
Já são 2 anos, incrivelmente...
Jamais pensei que eu iria me dedicar por tanto tempo à uma modalidade esportiva.
Nunca imaginei que seria tão prazeroso e gratificante calçar um par de tênis e percorrer uma certa distância. Muito menos com minha condição de obesidade e de 5 discos vertebrais herniados.
Os dados são impressionantes primeiramente para mim... Quase 1800 km percorridos, 16 provas, uma São Silvestre e uma Meia-Maratona. Mudança nos hábitos e até na forma de me vestir. Passei a curtir e entender mais de tênis, comprar tops, leggings e camisetas com estampas temáticas, além de desejar as camisetas daquelas das provas que participei. As medalhas de participação começaram a ser itens idolatrados e desejados, como troféus do esforço e dedicação.
Fiz novos amigos nesse novo meio, reais e virtuais, e arrecadei conhecimentos indispensáveis com eles, complementados pelas revistas do tema que passei a comprar avidamente.
Sinto que ainda estou só no início, que preciso aprender muito. Mas já me sinto muito feliz com os resultados destes dois anos.

11 de out. de 2010

Corriversário: 55a Corrida Pedestre Henrique Archer Pinto

Foi a minha 16a prova! A terceira Archer Pinto. Comecei numa delas... Foi minha primeira prova em 2008, de 10k, quando tinha apenas 15 dias de treino... (veja aqui o que você, iniciante, não deve fazer). Dessa vez o percurso mudou, e foi justamente para a avenida onde fazia meus treinos pra meia-maratona do Rio. Uma avenida nova, larga, sem uma arvorezinha sequer, com altimetria alucinante... Cruel correr nessa avenida no sol que quase nos rachou... Cheguei em cima da hora da prova. Nem fiz aquecimento, só deu tempo de me aproximar do pórtico, e pronto! Às 7h30 da manhã o sol já estava maltratando, mas comecei num ritmo bem interessante... É o ritmo que quero manter pra fazer a São Silvestre desse ano! Mas consegui mantê-lo apenas até metade da prova... No quilômetro 5 minhas energias começaram a falhar... O calor era imenso e as subidas e descidas acabavam comigo... A esta altura eu percebi a ambulância atrás de mim, e pensei que de novo seria a última... Mas ultrapassei duas caminhantes, que passaram por mim lá à toda antes do segundo quilômetro, e agora só caminhavam. Uma delas comentou: "A gente chega em último mas chega!". Eu respondi: "Por mim não tem problema, pois eu sempre chegou em último..." Depois passei outras duas caminhantes e um senhor que parecia estar lesionado na perna esquerda. Ele não aguentou por muito tempo, e logo a ambulância passou por mim provavelmente levando-o ao posto médico. No final do km 8 o posto de água distribuía água sem gelo... No calor amazônico essa não serve nem pra se molhar... Um rapaz, que já estava descansando ao lado de seu carro, do outro lado da rua, me ofereceu um isotônico, e colocou o restante da garrafinha que bebia num copo. Aquilo entrou como um bálsamo... Ainda era necessário passar pelo pórtico e fazer meia volta láááá embaixo, e então subir tudo novamente para chegar ao final. Nisso duas das caminhantes que eu havia passado me ultrapassaram novamente, e se juntaram a um rapaz que caminhava um pouco à minha frente. Mas voltaram a caminhar, e no km 9 eu os ultrapassei. Aquela mesma moça disse: "Dessa vez você não vai chegar em último!". E eu respondi: "Quem sabe?". E ela tinha razão... rsrs. Cheguei ao final da corrida, quando já iniciavam a desmontagem das estruturas do pórtico. A premiação já estava acabando, mas muitos corredores ainda se encontravam por ali. Encontrei um ou outro conhecido, comemorei junto, bebi água e rapidamente fui pro carro, para logo dirigir até em casa e encontrar a família. Foi um domingo de mais uma vitória, apesar de muuuito suada. Encarei como uma prova de aniversário, pois em poucos dias completarei 2 anos de corridas. Foi meu corriversário!

16 de set. de 2010

Eu ainda corro!

Como eu atualizo esse blog tão pouco, alguns podem até pensar que eu parei de correr... Mas não! Continuo treinando... As notícias estão todas acumuladas, e então vou ser breve para não tornar este post cansativo!

Vamos por partes:

1) Eu corri a Meia Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, em julho! Não fiz um relato, como de costume, mas há muitas memórias... Foi a minha primeira meia-maratona!!! Passei muito frio em SP, pois aproveitando a viagem no meio do ano fui ver a família também. Mas a corrida foi fantástica, fiz um tempo bem menor que nos treinos, conheci muitos Twittersrun, e ganhei uma nova medalha... Foi tudo maravilhoso!

2) Como em todo final de ano, há várias provas pra participar. Dia 10/10 tenho a Corrida Pedestre Henrique Archer Pinto, e em 24/10 a Corrida Internacional Cidade de Manaus, ambas de 10km. Além dessas certamente farei outras tradicionais aqui, mas lá pro mês de novembro. Todas servem de preparação pra encerrar o ano com chave-de ouro, e pra isso já garanti a minha participação na São Silvestre 2010! A passagem já está comprada há quase um mês, e agora é só treinar! Vou fazer a prova pela segunda vez, querendo baixar o tempo do ano passado em pelo menos 20 minutos! (vide relato neste post)

3) Consegui inserir na minha planilha semanal os treinos de tiro, que apesar de não gostar sei que são importantes pra garantir um pouquinho mais de velocidade... 

4) Acabei de entrar num desafio com o Augusto, do site Vamos Correndo, que consiste em chegar pra São Silvestre com 10kg a menos... O tempo é suficiente, e a meta é relativamente fácil... Será?

5) Comprei minhas camisetas do Twittersrun, e pra quem não sabe é um grupo de quase 1000 corredores que se comunicam via Twitter. Muitos não se conhecem nem mesmo virtualmente, afinal são muuuuitos, mas vários já se encontraram pessoalmente, correram juntos e compartilham diariamente seus treinos, dores, metas e sucessos. Com eles tenho aprendido muito, conhecido muita gente que é super legal e que gosta do que eu gosto.

6) Neste mês de setembro eu estou na revista WRun, graças ao @CassioPoliti. Eu apareço lá numa pequena participação, sem foto, só palavrinhas. Mas, feliz da vida, eu mostro pra todo mundo e curti de montãooooo!

7) Agora preciso divulgar duas empreitadas de amigos blogueiros/twitteiros, então lá vão os sub-itens:
7.1) O @FabioNamiuti, com seu Arquivo de Corridas, está concorrendo a uma publicação do seu blog em livro, aqui neste site. Ele já conseguiu passar para a próxima fase do concurso, e por equanto as votações estão suspensas, mas assim que começar a segunda fase eu aviso aqui e peço novamente para meus (poucos) leitores votarem!

7.2) O Antonio Colucci está com uma fantástica, criativa e divertida campanha para participar do desafio Nike 600k, uma prova em equipe que percorre o longo caminho entre São Paulo e Rio de Janeiro. Há uma adesão em massa de muuuitos twitteiros corredores, e como agora a solicitação dele é fazer isso também através dos blogs, aqui estou eu colocando o brasão dele no meu singelo bloguinho. Já disse a ele que Colucci nos 600k representa todos nós corredores mortais nos 600k, e é assim que eu sinto. Por isso e também pela perseverança, garra e cara-de-pau do querido Colucci é que eu decreto aqui o meu apoio!

Ufa! Notícias atualizadas, sigamos correndo. Blogando, talvez!

8 de jun. de 2010

XTerra Amazon

No último sábado (05/06/2010) participei da inaugural etapa regional do XTerra, apropriadamente denominada XTerra Amazon. A prova que fiz foi chamada Trail Run, e foi noturna (fiz 10k, mas tinha 5k também). Fazia parte do pacote do evento o Triathlon com natação no Rio Negro e com o trecho de bike verdadeiramente na selva (numa área de treinamento do Exército), além da Corrida Kids. O kit tinha uma camiseta ótima, uma lanterninha pra cabeça, gel e outros brindes. A medalha é linda, e a prova foi uma delícia! Fiquei realmente bem apreensiva, porque sabia que a prova teria uma parte do percurso dentro da selva. Na verdade, a "selva" era uma trilha dentro do Hotel Tropical, e como a prova era noturna a lanterninha foi extremamente útil. Foi lindo ver na orla do Rio Negro aquele monte de luzinha percorrendo trechos de areia e subindo trilhas enlameadas após a tempestade que caiu durante a tarde daquele sábado. Em certos momentos os trechos ficaram congestionados, pois as trilhas eram bem estreitas, mas o cheirinho de mato e a alegria do pessoal foi estimulante. Segundo os organizadores, havia mais de 1000 inscritos, um record absoluto pra região. Pela primeira vez tivemos uma prova na cidade com organização de fora, com inscrição paga (as provas aqui têm habitualmente inscrição de valor simbólico ou doação de alimentos). Mas valeu muito a pena pagar pra ver, ou melhor, participar! A organização foi muito boa, a animação no trecho de largada/chegada inigualável, vários pontos de hidratação e boa sinalização e apoiadores no decorrer de todo o percurso, que foram essenciais principalmente nos trechos de trilha, onde a iluminação era feita apenas pelas suas roupas sinalizadoras ou pelas lanterninhas dos competidores, quase breu total! Espero que no próximo ano a prova esteja aqui novamente, pois foi um prazer participar.
Como neste fim de semana recebemos a visita de meu cunhado e concunhada (bem como do bebezinho na barriguinha dela), foram todos me prestigiar no evento, e foi muito bom tê-los por perto, juntamente com meu marido e filhota, o que me causou muuuuita emoção. A chegada foi uma festa, com o locutor fazendo barulho e chamando a atenção de todo mundo porque obviamente eu fui a última a cruzar a linha de chegada dos 10k. Pra quem não sabe eu ainda sou obesa grau I e minha velocidade é bem baixa, mas eu não desisto e continuo pagando este leve mico de chegar por último. Mas como disse meu marido, chegar em primeiro, segundo, terceiro e último é o que dá ibope. Eu já aprendi isso faz tempo! rsrsrs

25 de mar. de 2010

Rápida Contusão

Olá, corredores!
Vim contar que estou dodói... Bem, na verdade agora bem melhor, até porque já faz uma semana, mas na última sexta levei um tombo enquanto corria. O tênis cheio de barro pelo percurso cheio de obras escorregou quando fui subir um degrauzinho na calçada. O pé esquerdo avançou e bati com o joelho direito no chão. Ralei feio, rasgou minha legging, saiu muito sangue, mas isso só percebi minutos depois quando fui olhar. Foi logo no começo do percurso, mas continuei a corrida até o final. Difícil foi dormir nos dois dias seguintes... Cheguei a ter que tomar um analgésico para passar a dor. Mas agora a casquinha grossa já está formada, tudo em processo de cicatrização. Deixei de fazer apenas um treino, e amanhã é dia!
Também conto que mandei arrumar minha esteira, que estava quebrada há mais de ano. Quero utilizá-la pra fazer meus treinos de tiro, além de treinos rápidos nos dias em que trabalho à noite e não consigo sair pra rua. Ao menos uma vez por semana a esteira será meu terreno. 
Hoje vi que na semana seguinte à Maratona do Rio de Janeiro (prova em que pretendo estrear na meia) acontecerão as 10 milhas Mizuno. Quem sabe eu não dou uma esticadinha na minha permanência em SP para participar desta também?
Continuem correndo! 

2 de mar. de 2010

São Silvestre 2009

Já faz mais de 2 meses, mas parece que foi ontem. Somente agora venho colocar aqui o meu relado da São Silvestre, a minha primeira.

"Cheguei de ônibus, pouco antes das 2 e meia da tarde. A Paulista totalmente vazia, já interditada, convidava os pedestres a passearem pelo meio da rua. Vi pessoas chamando outras para o asfalto, vi patinadores, gente passeando com os cachorros. Pessoas do staff correndo pra lá e pra cá. O farol de pedestres da Rua Augusta fechou. Que nada, a Paulista era minha! Eu era a estrela naquele dia! Caminhei pela pista como se caminhasse pela sossegada areia da praia.
Passei por baixo do gigantesco palco montado para a festa da Virada, tirei fotos e percebi que ainda faltava muito tempo, pois ainda havia preparativos e montagens. Mas os corredores já pululavam pelos arredores, com suas camisetas regatas, shorts e números presos no peito. Caminhei até o Prédio da Gazeta, local da chegada, deslumbrada com as figuras que encontrei pelo caminho. Uma festa total. Tinha homem de noiva, Carmem Miranda, Pelé e Ronaldinho Gaúcho. Tinha Flintstone, Elvis Presley com um gigante topete de espuma que mais parecia um sapato holandês. Muitos Michael Jacksons, Papais Noéis e repórteres caçando as criaturas para entrevistar. Vi os cadeirantes largarem, entre eles um ex-Big Brother que teve que mudar sua vida em função de um acidente. A muvuca do pelotão geral já estava formada, com suas faixas e cartazes, numa aglomeração pelos primeiros postos da largada. Fiquei por ali passeando, vendo as figuras, e me sentei um pouco, não muito longe de onde iniciaria a corrida. O número de pessoas começou a aumentar, e percebendo que chegava a hora, me posicionei no meio do povo, em pé, já para aguardar o início da prova. O locutor anunciou a prova feminina, e todos já aguardavam com suas faixas e cartazes posicionados. Quando o alto-falante bradou a largada do pelotão geral, fiquei na ponta dos pés para olhar adiante, mas ninguém se movia do lugar. Minutos se passaram, nem sei quantos, e nada de sairmos. Até que, lá na frente, as pessoas começaram a ensaiar pequenos passos. Já era hora da multidão ao meu redor ter a sua largada. Houve um apupo geral. Primeiro passinhos lentos, depois mais rapidinhos, e quando dei por mim já estava na metade do MASP, e só então disparei o meu cronômetro. Estava tão encantada que sorria para o mundo, numa emoção gigantesca. Muita gente assistindo das calçadas, na ilha da Paulista, e milhares de loucos correndo e festejando.
Perto da Augusta escutei meu nome, e vi pessoas desconhecidas torcendo por mim. Achei que haviam lido no meu número, e fiquei espantada e ao mesmo tempo deslumbrada com essa atitude. Por mais umas duas vezes durante o percurso isso aconteceu, mas horas mais tarde descobri que aquele primeiro episódio tinha sido incentivado pela minha família, que me procurava no meio dos corredores. Apenas meu pai me encontrou, mas todos ao redor deles já sabiam meu nome e gritaram por mim, assim que ele avisou. E eu que pensei que eles estariam lá apenas na hora da chegada.
Um mar de gente dobrou a esquina com a Consolação, e pensei que o afunilamento na Av. Ipiranga geraria alguma confusão. Mas passamos por ali tranquilamente, sem aglomerações, como em todo o restante do percurso. Av. São João, Minhocão. Ao descer do Elevado, já na Barra Funda, uma linda menininha tinha a mão estendida para que os corredores a tocassem, com a anuência de sua mãe, que a segurava no colo. Bati dez e pensei se ela um dia correria como a gente. Mais adiante um morador empunhava sua mangueira, jogando água nos atletas, repetindo a atitude de uma moradora que há anos faz a mesma coisa, tradicionalmente. Eu tinha visto uma reportagem na TV sobre aquela senhora, mas não a vi em nenhuma das três casas cujos moradores jogavam água nos corredores. Em seguida o primeiro viaduto. Na próxima avenida a plaquinha de 8km. Tirei uma foto, já havíamos passado da metade da prova! Na Av. Rio Branco, lá pelo décimo ou décimo primeiro quilômetro, um dedo do meu pé esquerdo começou a doer forte, resultado de uma bela topada na parede da cozinha semanas antes (coisa de amadora), que ainda não tinha sarado totalmente. Aí veio a dor na planta do pé direito, e mais uma pontada na coluna.... Pensei:”Não, não está doendo!... Não está doendo!!!” “Falta apenas o equivalente a um treino curto semanal, daqueles rápidos... Falta pouco!”. E então segui, já esquecida das dores, praticando o domínio da mente sobre o corpo. No final a avenida, uma decidinha pra me dar mais ânimo, e forçar o ritmo pra continuar. Ultrapassei muita gente que caminhava neste momento, passando pelo Largo do Paissandu e Teatro Municipal, até chegar ao Viaduto do Chá. Passei por um pai com jeito de índio andino (boliviano ou peruano?) que tirava a foto do filho pequeno em frente a uma árvore de Natal, e obtive o sorriso da mãe que já pegava seu curumim no colo. Líbero Badaró. Subidinha do Largo São Francisco. Ao fazer a curva gritei um Uhhhh que fez o eco tradicional do centro de São Paulo. Uma descidinha e... puxa!, a Brigadeiro!!! Dois corredores passaram por mim fazendo coro: “Ô, ô, agora só ano que vem!” Como assim?... Eles já consideravam que tinha acabado? Imagina! Estávamos no começo da temida Brigadeiro... Tirei uma foto, e logo que ia guardando o celular ele tocou. Eu tinha 1h48 de prova, e meu marido, que estava em outro estado,  me deu forças dizendo que eu ia conseguir, que ele acreditava em mim. Bem no meio do cruzamento fiz uma oração sem palavras, apenas com o coração. Pedi por todos que eu amo, por todos que me deram força pra estar ali. Apertei o “anel da sorte” no meu polegar e segui. Ainda tirei uma outra foto de um rapaz que corria com um vaso de cerâmica na cabeça, sem saber que causa ele defendia. Quando minha playlist do celular já começava a se repetir, tocando Depeche Mode, apaguei tudo da mente. Conferia apenas o relógio, de tempos em tempos, e corria. A cabeça vazia, o povo caminhando, eu subindo com a técnica tantas vezes treinada. 2h02. Treze de Maio. 2h06. “Tô chegando...” 2h08, já no plano! Faço a curva, já perdendo a concentração por procurar minha família na platéia. Foi quando escutei “Mãããeee!!!”, com aquela vozinha tão familiar, e sorri para a menina linda espremida na cerca do meio-fio que me acenava. Aí perdi totalmente o fio, e desabei a chorar. Já na Paulista, faltando tão pouco, o choro que eu tentei evitar desde o começo veio compulsivo. Lá na frente o tapete vermelho me esperava para o piiii, e eu tentava me controlar para terminar. A consagração. Na frente do número 900 da Avenida Paulista, no mesmo endereço onde eu vi meu nome publicado na lista de aprovados do vestibular, eu terminei a corrida de São Silvestre. Os pés latejavam e eu continuei a caminhar, para não cair. Os apoiadores indicavam o caminho para trocar o chip pela medalha, e caminhei por vários metros, como se flutuasse. Num estacionamento à direita muitos e muitos apoiadores mecanicamente entregavam a medalha ao receber o chip. Pensei como é que aquelas pessoas podiam entregar a medalha assim, sem nenhuma pompa ou solenidade... Mas recebi a minha e honrosamente a beijei. Pendurei no pescoço e peguei o saquinho de lanche, como se recebesse o bife único no bandejão da USP. 
Voltando no sentido da Brigadeiro para encontrar a minha família, degustei a maçã, que ganhou um sabor maravilhoso de vitória. Ao encontrar minha filha, meu pai e minha mãe, o choro veio novamente, junto com muitos abraços e palavras-música em meus ouvidos.
Já em casa, pés no gelo, banho quente e massagem com os dedinhos milagrosos da minha filha. Esperei a meia-noite apenas pela formalidade, pois queria mesmo era dormir. Passei a virada com a medalha no pescoço. Dormi, já em 2010, com ela ao meu lado, feito um anjo da guarda. Um anjo não, mas um santo a me abençoar. O Santo Silvestre."

10 de fev. de 2010

A primeira prova a gente nunca esquece

Conforme disse no post anterior, publico aqui o relato da primeira corrida que participei. Me emociono toda vez que leio...

"04/11/2008

Eu CORRIIIIIIIIIII!!!!
Foi maravilhoso....
Chegando lá, fiquei bastante deslocada, pois havia muitos atletas. Mas não me intimidei. Desci do carro, ainda com chuva. Havia caído uma tempestade minutos antes de eu chegar, o que amenizou o calor. Ao menos com o sol eu não teria que competir. Eu tinha costurado uma faixa em cada lateral da minha camiseta, porque ela estava muito justa, e temia que ficassem me olhando, mas ninguém táva nem aí comigo... rsrsrs. Eu não via nenhum obeso, mas alguns gordinhos. Senhoras, senhores. Gente de cabelos brancos e pele enrugada. Gente saradíssima, homens e mulheres. Jovens de menos de 20 anos, muitos. Fiquei por ali, meio escondidinha, sem saber direito o que fazer. Descobri que teria que pôr o chip no tênis, e o aninhei no cadarço. Comecei a me alongar, e por causa da chuva a largada foi sendo adiada. Depois era o trânsito que estava congestionado, e a companhia de tráfego estava com dificuldades de organizá-lo, por conta de um acidente no início do nosso percurso. Todos já estavam preparados pra largar, comecei a conversar com duas senhoras. Uma de minha categoria (30 a 39 anos) e outra de uma categoria acima (40 a 49 anos). Ambas corredoras, uma gordinha e a outra magra. Falando de suas conquistas, quantas horas de treino por dia, quantos dias por semana, quantas provas. Em um dado momento uma delas olhou pra mim de cima a baixo, e me perguntou se eu iria conseguir terminar a prova. Eu disse que sim!!! E completei dizendo que era a minha primeira corrida. Quando eu disse que estava 11 quilos mais magra elas se espantaram bastante e logo em seguida a largada seria dada. Foi uma emoção enorme. Primeiro a oração, dirigida por um padre, e em seguida a largada dos cadeirantes. Palmas. Outro apito e a nossa largada, mais palmas! Passei pelo portal, os piiis do sensor gritavam para tantos chips passando por ele. E lá fomos nós.
Já no início uma subida... Ahhh.... Fui ficando pra trás, bem perto dos batedores, mas não sozinha. Uma senhora de mais de 60 anos, e outra gordinha ficaram ao meu lado. Mais atrás vinha um casal. Acabada a subida, uma descida. O povo ia lá longe, e deslocados do pelotão como eu um rapaz bem acima do peso e uma senhora de cabelos branquinhos estavam uns 100m a minha frente. A essa altura os batedores já não nos acompanhavam. E corríamos bem perto dos carros, ouvindo as gracinhas. "Vamos lá, gordinha!". Eu pensava que não desistiria por nada.
E fui fazendo o percurso, e já na segunda subida, uns 3 km a frente, minhas companheiras foram sumindo, passaram a caminhar. Eu não deixava de trotar nenhum minuto, mesmo nas subidas. Estas foram super desgastantes, mas eu estava firme. O gordinho e a senhora da frente, eu avistava de vez em quando: eu fiquei sozinha. Mas sabia que estava no caminho certo, pois ia atrás do trânsito congestionado e também porque havia memorizado quase todo o percurso. Os carros passavam bem pertinho de mim, e algumas pessoas gritavam, faziam graça. Um carro preto passou, e o motorista gritou "Não desiste não, vamo lá!!!" Eu senti vontade de chorar, mas resolvi não deixar a emoção tomar conta de mim. No final da subida, virei à direita para fazer alguns metros e voltar, segundo o percurso. Um carro prata passou, e o idiota gritou "A corrida é pra lá!". Eu agradeci, com vários oks, e espero que ele tenha ao menos se ressentido da brincadeira besta.
Mais a frente, uma moça passando mal. Alguns outros corredores junto a ela, esperando a ambulância. Eu sentia dor no baço, levemente, mas nada que me impedisse de continuar. Talvez o esforço da subida longa. Fiz a volta e percebi que havia gente atrás de mim ainda, entre eles um senhor bastante obeso, trotando bem devagarzinho. Continuei seguindo, fazendo o percurso, perguntando aos transeuntes aqui e ali sobre o caminho que os corredores haviam seguido, para não me perder. Uma certa hora percebi que eu estava bem devagar... Resolvi apertar o passo, e a noite já começava a cair. Encontrei outra moça passando mal, uma garota bem novinha. Devia estar com a mãe. A ambulância passou por mim e veio outra subida. Mas eu já estava bem, nem suava tanto, e a freqüência cardíaca estabilizada. Apertei o passo novamente, porque o final já estava chegando. Vez em quando eu pegava um ou dois copos de água, nos pontos de apoio, e ficava aliviada de não ser a última. Ao chegar na penúltima rua fiquei de novo com vontade de chorar, mas segurei. Um cara na rua gritou: "Só falta um quilômetro e meio!". Já era de noite, e eu fiquei animada pra última subida. Fiz a curva e já estava na Arena, onde tudo começou. Um atleta de uns 50 anos me deu um copo d'água e me deu parabéns. Já estavam fazendo as premiações, e havia muita gente à frente do portal, mas eu fui me esquivando e pude ouvir o piiii do meu chip passando pelo sensor. Algumas lágrimas quiseram sair, eu abaixei a cabeça e sorri, extasiada. Não chorei propriamente, mas deixei a emoção fluir. Fui nas mesas ao lado, devolvi o chip, peguei minha identidade e uma medalha de participação. Minha primeira medalha da vida. Um prêmio pelo que eu fui capaz de fazer. E a primeira de muitas outras.
Ainda fiquei por ali, vendo as premiações, a alegria de todos, e continuei super emocionada. Na volta pra casa, no carro, eu ria sozinha, beijava a minha medalha, as lagriminhas misturadas ao suor do rosto. Quando cheguei em casa minha vizinha veio me dizer que me viu na tv, correndo. Eu nem percebi que tinham me filmado! Agora um monte de gente (entre eles alunos e pacientes) saberão da minha empreitada. E ficará confirmado o quanto eu estou mudando de vida.
Se você conseguiu ler este post todo, já é um começo. E eu digo que somente quando você acordar será capaz de mudar a sua vida. Eu ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas já posso dizer que acordei. E só estou começando!"

9 de fev. de 2010

"Correr Pra quê? Emagrecer" ou "Loucuras que fazemos"

No ano de 2008 eu iniciei na corrida meio sem querer. Foi exatamente no dia dos Professores. Já que teria folga e já vinha decidida a finalmente mudar de vida, fui para a academia do campus da universidade onde trabalho, mas ela também estava em recesso. Em casa a luz havia acabado, então não dáva pra caminhar na esteira. Fiquei lá pelo campus mesmo, e achei que a caminhada estava muito sem graça. Resolvi trotar. Fiquei uma hora dando voltas pelo campus, e ao terminar eu me senti dona do mundo!
Pra demonstrar a loucura que cometi dias depois, vou publicar aqui o trecho de um post que fiz em outro blog, onde postava "anônima":

"Hoje tenho um enorme desafio pra contar pra vcs...
Eu me inscrevi em uma corrida de rua!!!!! É a 53a Corrida de Rua Henrique Archer Pinto, super tradicional aqui.
Será amanhã à tarde... Eu vi a propaganda na televisão e fiquei pensando... Fui ao dentista ontem e passaria na frente do local das inscrições. A moça que fez a minha inscrição achou que eu estava fazendo pra outra pessoa... rsrsrs. Afinal, eu devo ser a única obesa a querer participar de uma corrida de rua! Mas fiquei muito feliz porque acabo de sair da obesidade classe II para a classe I!!!!!!!!!! E pensar que quando comecei estava chegando no grau III!!! Ai, que alegria!!!!
E participar da corrida será uma nova superação!
Para treinar, hoje eu fiz 10km na esteira (é o percurso da corrida que farei). Levei 84m27s para fazer essa distância. Mas na rua o negócio é outro... Subidas, descidas, buracos, e o pior: sol!!!! E o sol da Amazônia não é brincadeira! Bem, há 3 possibilidades:
a) Eu desistir antes do final
b) Eu levar 2 hooooras pra chegar ao final, e
c) Eu pisar num buraco ou chutar uma pedra
Em qualquer uma das possibilidades, vou ficar feliz, pois não tenho nada a perder!
O meu treino de hoje serviu pra ver que eu sou capaz. Vamos ver lá na hora. Amanhã eu conto!"

Sim, eu fiz minha primeira corrida de 10km exatamente 15 dias depois que comecei a trotar. Passei de sedentária/obesa a corredora neste pequeno prazo. Pra piorar, eu fiz um "teste" pra saber se conseguiria um dia antes, na esteira... Fiz tudo isso sem saber que era loucura. Na verdade era uma superação pessoal, um desafio que fazia parte da minha meta de perder peso. Bastante tempo depois é que vim entender que precisava de treino, preparação, cuidado.

Hoje, quando alguém me pergunta como fazer para começar a correr e me questiona como eu fiz, eu conto, mas já digo de cara que comecei completamente errado. Não me orgulho do que fiz, mas entendo. Tive sorte de não ter tido nenhuma lesão, de não ter dado um revertério que me fizesse detestar a corrida e nunca mais praticar. Mas por outro lado descobri o poder que tenho sobre meu corpo e o quanto ele é resistente. Percebi como, em mim, o fator emocional supera o físico. Agora sou capaz inclusive de entender porque não senti as dores da cirurgia pós-parto. A alegria e a felicidade são analgésicos naturais.

E se eu comecei a correr com o objetivo de emagrecer, fico muito contente que tenha encontrado o caminho certo. Por esse caminho tenho superado muitas outras coisas, tenho curado vários outros males, e tenho aprendido muita coisa sobre mim e sobre outras pessoas.

Depois publico aqui o relato emocionado daquela primeira corrida. Mas já aviso: não faça isso em casa. Se quiser começar a correr, faça do jeito certo. Se já corre, lembre-se sempre de não cometer loucuras.

1 de fev. de 2010

Prova 13 - Cross Country FEAMA - dia 30/01/2010


Fiquei sabendo dessa prova 2 dias antes, através de um conhecido de meu marido. Fiz a inscrição na escondida Federação Amazonense de Atletismo (FeAmA), que fica embaixo da arquibancada da pista de atletismo da Vila Olímpica de Manaus. Li num recorte de jornal afixado próximo ao bebedouro que está atolada em dívidas e sendo totalmente reformulada, com um pool de outras associações assumindo a direção.
Nunca fiz uma prova num sábado, por causa do trabalho. Como ainda não recomecei os atendimentos nesse dia, estava lá para fazer a minha primeira prova do ano. Pouquíssimas pessoas, menos de 150 participantes. Só elite... Carinhas conhecidas de outras corridas. Alguns peixes fora d´água, como eu. Ainda me sinto bastante deslocada, principalmente nestas provas com poucos participantes. Primeiro pela obesidade. Segundo pela velocidade, o que é uma consequência do primeiro motivo. Mas já superei a vergonha e tô sempre lá. Aparece prova, eu tô dentro!
Mas essa era Cross Country! Nunca tinha feito uma prova desse tipo, e nem imaginava como seria dentro da Vila Olímpica. O papel da inscrição anunciava 10k, mas ao passar as informações, um dos organizadores retificou: percurso de 1800m, sendo 2 voltas para categoria juvenil, 4 voltas para as mulheres e 5 voltas para os homens. Total de 7200m para percorrer. Explicou o percurso.
Começamos a correr na pista de atletismo, que é ma-ra-vi-lho-sa! Não sei porque eu ainda não fui até lá pra treinar! (síndrome de peixe fora d´água de novo?). Só o começo foi na pista, cerca de 100m, e logo uma curva para a direita numa suuuper rampa na grama. Depois da descida no mesmo trecho, contornamos a pista sempre pela grama, e chegamos a um terreno lateral à pista. Um barranquinho aqui e ali, o mato cortado ainda no local, mostrando o recente preparo do percurso. Por isso o trecho era fofo, o que o tornava algo perigoso. Depois um pequeno trecho no asfalto, até atingir outro pequeno barranco que desembocava no que chamaram de Bosque da Vila, uma área com algumas trilhas e muuitas árvores, com suas gigantes raízes espalhadas pelo chão. Passávamos por tubulações e trechos enlameados pelo inverno amazônico (leia-se período de muita chuva). Depois do ponto de água onde um senhor incentivava cada um que passava por ele, subimos o barranquinho e cruzamos a mesma rua para chegar novamente ao terreno lateral à pista e voltar a contorná-la, sempre pela grama. O percurso terminava próximo ao ponto inicial, e daí começava tudo de novo até completar todas as voltas.
O tempo estava nublado, mas o calor era o de sempre. Correr na relva é complicado... A minha perna pesava, e lá pelo meio da segunda volta meu pé esquerdo começou a formigar. Fiquei apreensiva de "quebrar", termo que já ouvi e li em muitas fontes. Mas depois melhorou e voltou a formigar só no final. Isso deve ter relação com a pisada, sei lá... Preciso estudar mais sobre o assunto.
É claro que eu fui a última. Bem, na verdade a penúltima, porque fui a última mulher, mas houve um homem que terminou depois de mim (um operado bariátrico que sempre está nas provas). Os aplausos foram pra ele, dessa vez não para mim (risos). Fiquei contente porque tinha medalha pra todo mundo! Ah, e a camiseta me serviu!
No final esperei a festa do pódio, e apreciei os sorrisos, os cliques das fotos, todo mundo feliz com suas conquistas. Inclusive eu. Voltei pra casa com a minha nova medalha no pescoço. A primeira de 2010!

26 de jan. de 2010

Treino 7

Refazendo meus percursos para o ano de 2010, tracei no MapMyRun a rota pela Torquato Tapajós, passando pela Philips, num total de 8km. Finalmente estreei o tênis novo, que é uma delícia! Fiz um treino progressivo e gostei do resultado!
Bóra treiná!

21 de jan. de 2010

Treino na Chuva

Um treino de subidinhas e descidinhas. São 5 subidas e 4 descidas. Treinei na chuva, que ia e vinha. Ia estrear o tênis novo, mas fiquei com pena... Corri com o semi-novo Mizuno mesmo. Muito gostoso correr na chuva! #adoro!

Novo companheiro de treinos


Comprei sábado, e em dois dias úteis estava aqui! Asics Gel Radience 3. Tô saindo agora pra estrear, num treino tranquilo, sem preocupação com tempo. Sábado começa a Corrida dos 100 Dias da comu Loucos por Corrida, do Orkut. Eita comu divertida, com corredores alucinados pelo mesmo vício que me atinge!
Tenho estado com a maior vontade de comprar um GPS pra correr, de tanto que tenho lido nas comus e no twitter sobre o bichinho, mas agora dá não... Vamos por partes!
Enquanto não faço isso, vou seguindo com meu celularzinho que cronometra meus treinos progressivos, toca System of a Down ininterruptamente e salva os tempos dos treinos de tiros!
Bóra corrê!

18 de jan. de 2010

Pequeno Treino na Floresta

Realmente nos últimos dias eu fiz feio... Para a planilha não ficar com traço nesta semana, ontem fiz um pequeno treino num condomínio onde fomos passar o fim-de-semana, na casa de um amigo. Encravado numa área de sítios, há muitas árvores, pássaros e bugios. Eu não os vi, mas ouvi! Lá pelo final do primeiro quilômetro havia dois cachorros deitados na rua. Se levantaram de seu descanso, ficaram de pé para me ver passar e um deles veio me cheirar. Continuei, tentando me manter impávida. Pra minha surpresa o maior passou a me acompanhar, e foi até o início de uma subida, ficando ao meu lado como se me guardasse, por mais de um quilômetro. Depois acho que cansou e parou, se deitando na rua novamente. No meu treino de hoje só encontrei animais. Nenhum bicho homem às 7 da manhã chuvosa na área peri-urbana de Manaus. Assim que cheguei desabou uma chuva! Tenho certeza de que essa semana será mais proveitosa! Bóra correr!

16 de jan. de 2010

Sim, eu corri!


Ah, pobre blog, me desculpe!
Eu nem te contei, mas eu corri a São Silvestre.
Não vim te falar sobre os meus treinos, sobre as provas que fiz no segundo semestre, mas eu treinei, querido blog!
Treinei muito, e até pensei que não ia conseguir, mas deu tudo certo!
Tive uma enorme torcida, aqui na selva e lá em SP, e chorei na chegada... Consegui minha medalha e agora vim te mostrar.
Querido blog, prometo não te abandonar tão cedo. Já tenho nova planilha pra 2010 e dois tênis novos (esperando o mais recente chegar). Os velhos deixei em SP, mas vou ficar com saudades deles...
Ainda não tenho inscrição pra nenhuma prova, e fiquei pensando se tem alguma meia maratona no segundo semestre... Será que eu encaro, blog? Então vamos combinar: eu treino e vc me acompanha: a nova meta do ano é uma prova de 21km! Será que a gente consegue????