"04/11/2008
Eu CORRIIIIIIIIIII!!!!
Foi maravilhoso....
Chegando lá, fiquei bastante deslocada, pois havia muitos atletas. Mas não me intimidei. Desci do carro, ainda com chuva. Havia caído uma tempestade minutos antes de eu chegar, o que amenizou o calor. Ao menos com o sol eu não teria que competir. Eu tinha costurado uma faixa em cada lateral da minha camiseta, porque ela estava muito justa, e temia que ficassem me olhando, mas ninguém táva nem aí comigo... rsrsrs. Eu não via nenhum obeso, mas alguns gordinhos. Senhoras, senhores. Gente de cabelos brancos e pele enrugada. Gente saradíssima, homens e mulheres. Jovens de menos de 20 anos, muitos. Fiquei por ali, meio escondidinha, sem saber direito o que fazer. Descobri que teria que pôr o chip no tênis, e o aninhei no cadarço. Comecei a me alongar, e por causa da chuva a largada foi sendo adiada. Depois era o trânsito que estava congestionado, e a companhia de tráfego estava com dificuldades de organizá-lo, por conta de um acidente no início do nosso percurso. Todos já estavam preparados pra largar, comecei a conversar com duas senhoras. Uma de minha categoria (30 a 39 anos) e outra de uma categoria acima (40 a 49 anos). Ambas corredoras, uma gordinha e a outra magra. Falando de suas conquistas, quantas horas de treino por dia, quantos dias por semana, quantas provas. Em um dado momento uma delas olhou pra mim de cima a baixo, e me perguntou se eu iria conseguir terminar a prova. Eu disse que sim!!! E completei dizendo que era a minha primeira corrida. Quando eu disse que estava 11 quilos mais magra elas se espantaram bastante e logo em seguida a largada seria dada. Foi uma emoção enorme. Primeiro a oração, dirigida por um padre, e em seguida a largada dos cadeirantes. Palmas. Outro apito e a nossa largada, mais palmas! Passei pelo portal, os piiis do sensor gritavam para tantos chips passando por ele. E lá fomos nós.
Já no início uma subida... Ahhh.... Fui ficando pra trás, bem perto dos batedores, mas não sozinha. Uma senhora de mais de 60 anos, e outra gordinha ficaram ao meu lado. Mais atrás vinha um casal. Acabada a subida, uma descida. O povo ia lá longe, e deslocados do pelotão como eu um rapaz bem acima do peso e uma senhora de cabelos branquinhos estavam uns 100m a minha frente. A essa altura os batedores já não nos acompanhavam. E corríamos bem perto dos carros, ouvindo as gracinhas. "Vamos lá, gordinha!". Eu pensava que não desistiria por nada.
E fui fazendo o percurso, e já na segunda subida, uns 3 km a frente, minhas companheiras foram sumindo, passaram a caminhar. Eu não deixava de trotar nenhum minuto, mesmo nas subidas. Estas foram super desgastantes, mas eu estava firme. O gordinho e a senhora da frente, eu avistava de vez em quando: eu fiquei sozinha. Mas sabia que estava no caminho certo, pois ia atrás do trânsito congestionado e também porque havia memorizado quase todo o percurso. Os carros passavam bem pertinho de mim, e algumas pessoas gritavam, faziam graça. Um carro preto passou, e o motorista gritou "Não desiste não, vamo lá!!!" Eu senti vontade de chorar, mas resolvi não deixar a emoção tomar conta de mim. No final da subida, virei à direita para fazer alguns metros e voltar, segundo o percurso. Um carro prata passou, e o idiota gritou "A corrida é pra lá!". Eu agradeci, com vários oks, e espero que ele tenha ao menos se ressentido da brincadeira besta.
Mais a frente, uma moça passando mal. Alguns outros corredores junto a ela, esperando a ambulância. Eu sentia dor no baço, levemente, mas nada que me impedisse de continuar. Talvez o esforço da subida longa. Fiz a volta e percebi que havia gente atrás de mim ainda, entre eles um senhor bastante obeso, trotando bem devagarzinho. Continuei seguindo, fazendo o percurso, perguntando aos transeuntes aqui e ali sobre o caminho que os corredores haviam seguido, para não me perder. Uma certa hora percebi que eu estava bem devagar... Resolvi apertar o passo, e a noite já começava a cair. Encontrei outra moça passando mal, uma garota bem novinha. Devia estar com a mãe. A ambulância passou por mim e veio outra subida. Mas eu já estava bem, nem suava tanto, e a freqüência cardíaca estabilizada. Apertei o passo novamente, porque o final já estava chegando. Vez em quando eu pegava um ou dois copos de água, nos pontos de apoio, e ficava aliviada de não ser a última. Ao chegar na penúltima rua fiquei de novo com vontade de chorar, mas segurei. Um cara na rua gritou: "Só falta um quilômetro e meio!". Já era de noite, e eu fiquei animada pra última subida. Fiz a curva e já estava na Arena, onde tudo começou. Um atleta de uns 50 anos me deu um copo d'água e me deu parabéns. Já estavam fazendo as premiações, e havia muita gente à frente do portal, mas eu fui me esquivando e pude ouvir o piiii do meu chip passando pelo sensor. Algumas lágrimas quiseram sair, eu abaixei a cabeça e sorri, extasiada. Não chorei propriamente, mas deixei a emoção fluir. Fui nas mesas ao lado, devolvi o chip, peguei minha identidade e uma medalha de participação. Minha primeira medalha da vida. Um prêmio pelo que eu fui capaz de fazer. E a primeira de muitas outras.
Ainda fiquei por ali, vendo as premiações, a alegria de todos, e continuei super emocionada. Na volta pra casa, no carro, eu ria sozinha, beijava a minha medalha, as lagriminhas misturadas ao suor do rosto. Quando cheguei em casa minha vizinha veio me dizer que me viu na tv, correndo. Eu nem percebi que tinham me filmado! Agora um monte de gente (entre eles alunos e pacientes) saberão da minha empreitada. E ficará confirmado o quanto eu estou mudando de vida.
Se você conseguiu ler este post todo, já é um começo. E eu digo que somente quando você acordar será capaz de mudar a sua vida. Eu ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas já posso dizer que acordei. E só estou começando!"
Foi maravilhoso....
Chegando lá, fiquei bastante deslocada, pois havia muitos atletas. Mas não me intimidei. Desci do carro, ainda com chuva. Havia caído uma tempestade minutos antes de eu chegar, o que amenizou o calor. Ao menos com o sol eu não teria que competir. Eu tinha costurado uma faixa em cada lateral da minha camiseta, porque ela estava muito justa, e temia que ficassem me olhando, mas ninguém táva nem aí comigo... rsrsrs. Eu não via nenhum obeso, mas alguns gordinhos. Senhoras, senhores. Gente de cabelos brancos e pele enrugada. Gente saradíssima, homens e mulheres. Jovens de menos de 20 anos, muitos. Fiquei por ali, meio escondidinha, sem saber direito o que fazer. Descobri que teria que pôr o chip no tênis, e o aninhei no cadarço. Comecei a me alongar, e por causa da chuva a largada foi sendo adiada. Depois era o trânsito que estava congestionado, e a companhia de tráfego estava com dificuldades de organizá-lo, por conta de um acidente no início do nosso percurso. Todos já estavam preparados pra largar, comecei a conversar com duas senhoras. Uma de minha categoria (30 a 39 anos) e outra de uma categoria acima (40 a 49 anos). Ambas corredoras, uma gordinha e a outra magra. Falando de suas conquistas, quantas horas de treino por dia, quantos dias por semana, quantas provas. Em um dado momento uma delas olhou pra mim de cima a baixo, e me perguntou se eu iria conseguir terminar a prova. Eu disse que sim!!! E completei dizendo que era a minha primeira corrida. Quando eu disse que estava 11 quilos mais magra elas se espantaram bastante e logo em seguida a largada seria dada. Foi uma emoção enorme. Primeiro a oração, dirigida por um padre, e em seguida a largada dos cadeirantes. Palmas. Outro apito e a nossa largada, mais palmas! Passei pelo portal, os piiis do sensor gritavam para tantos chips passando por ele. E lá fomos nós.
Já no início uma subida... Ahhh.... Fui ficando pra trás, bem perto dos batedores, mas não sozinha. Uma senhora de mais de 60 anos, e outra gordinha ficaram ao meu lado. Mais atrás vinha um casal. Acabada a subida, uma descida. O povo ia lá longe, e deslocados do pelotão como eu um rapaz bem acima do peso e uma senhora de cabelos branquinhos estavam uns 100m a minha frente. A essa altura os batedores já não nos acompanhavam. E corríamos bem perto dos carros, ouvindo as gracinhas. "Vamos lá, gordinha!". Eu pensava que não desistiria por nada.
E fui fazendo o percurso, e já na segunda subida, uns 3 km a frente, minhas companheiras foram sumindo, passaram a caminhar. Eu não deixava de trotar nenhum minuto, mesmo nas subidas. Estas foram super desgastantes, mas eu estava firme. O gordinho e a senhora da frente, eu avistava de vez em quando: eu fiquei sozinha. Mas sabia que estava no caminho certo, pois ia atrás do trânsito congestionado e também porque havia memorizado quase todo o percurso. Os carros passavam bem pertinho de mim, e algumas pessoas gritavam, faziam graça. Um carro preto passou, e o motorista gritou "Não desiste não, vamo lá!!!" Eu senti vontade de chorar, mas resolvi não deixar a emoção tomar conta de mim. No final da subida, virei à direita para fazer alguns metros e voltar, segundo o percurso. Um carro prata passou, e o idiota gritou "A corrida é pra lá!". Eu agradeci, com vários oks, e espero que ele tenha ao menos se ressentido da brincadeira besta.
Mais a frente, uma moça passando mal. Alguns outros corredores junto a ela, esperando a ambulância. Eu sentia dor no baço, levemente, mas nada que me impedisse de continuar. Talvez o esforço da subida longa. Fiz a volta e percebi que havia gente atrás de mim ainda, entre eles um senhor bastante obeso, trotando bem devagarzinho. Continuei seguindo, fazendo o percurso, perguntando aos transeuntes aqui e ali sobre o caminho que os corredores haviam seguido, para não me perder. Uma certa hora percebi que eu estava bem devagar... Resolvi apertar o passo, e a noite já começava a cair. Encontrei outra moça passando mal, uma garota bem novinha. Devia estar com a mãe. A ambulância passou por mim e veio outra subida. Mas eu já estava bem, nem suava tanto, e a freqüência cardíaca estabilizada. Apertei o passo novamente, porque o final já estava chegando. Vez em quando eu pegava um ou dois copos de água, nos pontos de apoio, e ficava aliviada de não ser a última. Ao chegar na penúltima rua fiquei de novo com vontade de chorar, mas segurei. Um cara na rua gritou: "Só falta um quilômetro e meio!". Já era de noite, e eu fiquei animada pra última subida. Fiz a curva e já estava na Arena, onde tudo começou. Um atleta de uns 50 anos me deu um copo d'água e me deu parabéns. Já estavam fazendo as premiações, e havia muita gente à frente do portal, mas eu fui me esquivando e pude ouvir o piiii do meu chip passando pelo sensor. Algumas lágrimas quiseram sair, eu abaixei a cabeça e sorri, extasiada. Não chorei propriamente, mas deixei a emoção fluir. Fui nas mesas ao lado, devolvi o chip, peguei minha identidade e uma medalha de participação. Minha primeira medalha da vida. Um prêmio pelo que eu fui capaz de fazer. E a primeira de muitas outras.
Ainda fiquei por ali, vendo as premiações, a alegria de todos, e continuei super emocionada. Na volta pra casa, no carro, eu ria sozinha, beijava a minha medalha, as lagriminhas misturadas ao suor do rosto. Quando cheguei em casa minha vizinha veio me dizer que me viu na tv, correndo. Eu nem percebi que tinham me filmado! Agora um monte de gente (entre eles alunos e pacientes) saberão da minha empreitada. E ficará confirmado o quanto eu estou mudando de vida.
Se você conseguiu ler este post todo, já é um começo. E eu digo que somente quando você acordar será capaz de mudar a sua vida. Eu ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas já posso dizer que acordei. E só estou começando!"